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quinta-feira, 20 de setembro de 2018

60 milhões de vaquinhas de ouro jorrando moedas nos cofres do governo a cada segundo que se passa

Fonte: Imprensa Viva

Carga tributária excessiva, falta de competitividade, ganância dos empresários, margem de lucro maior do que no exterior estão entre as explicações mais comuns para explicar o fato dos carros custarem tão caro no Brasil. A indignação dos brasileiros não se limita ao alto valor dos automóveis, mas também em relação a outros bens de consumo, que na maioria dos casos, chegam a custar o dobro do preço pago por cidadãos em outras partes do mundo.

Além de sentir no bolso na hora de comprar um automóvel, o brasileiro ainda é penalizado pela precariedade das estradas, pelo trânsito caótico, pela indústria de multas e pelo famigerado Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), que chega a custar 4% do valor do bem. Isso a cada ano. De modo geral, os impostos são consideravelmente altos, levando em conta o alto valor dos veículos em comparação com a renda da maioria dos brasileiros. O país impõe ao cidadão uma das maiores cargas tributárias do mundo, enquanto na outra ponta, o retorno em benefícios fica bem abaixo da média oferecida na maioria dos países em todos os aspectos.

Nada menos do que 80% das estradas brasileiras (cerca de 1,3 milhão de quilômetros no total) não são pavimentadas. Essa proporção só se encontra em países muito pobres. No caso do Brasil, não há como explicar uma rede asfaltada tão ridiculamente baixa num país que optou no passado pelo transporte rodoviário no lugar de trens e barcos. sendo ainda a quarta a maior superfície terrestre contínua do planeta, detentor do sexto maior mercado interno de veículos do mundo.

Apesar da clareza com que é possível identificar os vários vilões por trás dos altos preços dos bens de consumo no país, as desventuras dos intrépidos consumidores brasileiros não param por aí. Continuando no exemplo dos automóveis, o cidadão que compra seu carro financiado, costuma pagar por dois carros, em virtude das altas taxas de juros em vigor no país. Como se não bastasse, o consumidor brasileiro ainda paga por uma das gasolinas mais caras do mundo. Depois vem o seguro, as revisões e outros transtornos como gastos com estacionamento, flanelinhas e o alto risco de roubo na maior parte das regiões do país.

Parece desanimador, mas ainda não acabou. Adquirir um carro não é um investimento. Um carro no valor médio de R$ 50 mil custa ao proprietário cerca de R$ 25 mil por ano, levando em consideração a depreciação do valor do bem, os gastos com seguro, IPVA, manutenção, despesas gerais e as perdas financeiras, caso o consumidor tivesse optado por investir o valor pago pelo bem.

Com tantos empecilhos, transtornos, despesas, prejuízos e dor de cabeça que a aquisição de um carro pode ocasionar, por que o carros ainda são tão caros no Brasil?

A resposta é bem simples: o brasileiro ainda paga por algo que não vale o que custa. O Estado, os fabricantes e revendedores atuam de acordo com as regras do livre mercado. Se mesmo com os altos impostos, os altos lucros e a baixa qualidade dos veículos comercializados no país, os consumidores ainda compram sem reclamar, não seria racional baixar os preços dos veículos ou de outros bens como eletroeletrônicos, eletrodomésticos, móveis e imóveis.

No caso dos automóveis, o Estado lucra tanto em tantas fontes de gastos com aquisição, manutenção, seguro, financiamento,pedágios, consumo de combustível, óleo, pneus, etc, que é como se cada carro fosse uma vaquinha dando leite para o estado. No caso do Brasil são mais de 60 milhões de vaquinhas jorrando moedas nos cofres do governo a cada segundo que se passa. É tanto dinheiro arrecadado, de tantas fontes distintas, como pedágios, multas e impostos altos, que seria até mesmo lucrativo se o Estado desse o automóvel de graça para o cidadão.

Mas o Estado e o mercado, com sua expertise milenar em forjar necessidades para arrancar o máximo do dinheiro do cidadão, não costumam ter piedade do dinheiro do contribuinte. No caso do Brasil, o país apresenta um dos menores níveis de reservas financeiras por indivíduo no mundo. O brasileiro não está acostumado a poupar, a ter dinheiro em caixa, disponível para comprar o que bem entender no momento que desejar. Quanto maior a poupança por cidadão, menores são os preços dos produtos. Quanto menos as pessoas compram, maior a concorrência, maiores são os estímulos e menores os preços. Em países onde o cidadão possui uma educação financeira razoável, o Estado e as empresas precisam se esforçar bem mais para convencê-los a dispor de seus recursos em troca de um bem que na maioria dos casos nem precisam. No caso do Brasil, o povo compra carros caros sem sequer ter o dinheiro para pagar o seguro.

A racionalidade com que os consumidores lidam com suas finanças fazem com que cada povo colha os benefícios ou os malefícios inerentes a qualquer relação de consumo. A idade média de um carro em países ricos como Inglaterra, Japão e Alemanha é superior a 11 anos. No Brasil, um país pobre, a média é de apenas 7 anos. De acordo com a empresa de consultoria IHS Automotive, a idade média dos carros no Brasil é de 6,9 anos, bem menor que nos EUA, com 11,5 anos. Na Alemanha, os carros são usados pelos consumidores durante cerca de 9,4 anos.

Isto reflete não apenas o conservadorismo dos consumidores, mas também a qualidade dos veículos comercializados no exterior. Uma coisa puxa a outra. Isto é, quanto menos se compra, menores são os impostos, os preços e maior a qualidade. Sem contar que hábitos de consumo mais racionais trazem mais benefícios ambientais. Os ganhos são efetivos para o cidadão e para a sociedade. Em outras palavras, o carro é caro no Brasil porque o brasileiro é trouxa.

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