Por Noemi Moritz e Thiago Majolo
Resumo
Confundimos autoridade com autoritarismo.
No lugar da lei comum, da Constituição que juntos elaboramos, estabelecemos e nos recolhemos dentro de leis particulares. Cada qual resolve por conta própria, pelo jeitinho, pela força, poder ou influência, definir suas leis particulares, o que é certo ou errado, atacando a lógica da convivência, desdenhando de um código de ética, da cidadania, da Constituição, dos Direitos Humanos.
Dos colonizadores que fizeram terra arrasada dos povos originais, nós, seus descendentes que nos tornamos o último país a abolir a escravidão, e que ainda a toleramos nas residências, fazendas e fábricas de trabalho escravo e no trato às empregadas domésticas; um país marcado pela desigualdade ultrajante, que não oferece à grande maioria de sua população a infraestrutura básica para usufruto de água, luz, esgoto, que não oferece educação, saúde, transporte e segurança; um país que desdenha da justiça, que detém recordes em índices de violência contra crianças, adolescentes e idosos, que abusa reiteradamente da mulher, que humilha a comunidade LGBT+, que desrespeita as regras de trânsito, que explora sem limites a natureza; um país autoritário em sua força de segurança e que ainda se provém de milícias armadas e de um poder paralelo do tráfico que faz conluio com o poder público; um país de ruas sujas por dejetos diversos; um lugar em que há ao menos duas formas de resolver problemas: o oficial e o oficioso.....
Esse Estado perverso, injusto, violento e intolerante, somos nós.
Nós, que misturamos o público com privado, nós, que corrompemos o Estado e que determinamos que a Polícia Federal deveria servir à família do presidente, nós, que desvirtuamos a Justiça, que mostramos, adulteramos ou escondemos provas de delitos, que julgamos e aplicamos sentenças conforme nossos interesses arbitrários. Nós, nós, nós.
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