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quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Empresários podem responder por coação ao pressionar funcionários a votarem em seus candidatos

Donos das redes varejistas Havan e Condor sugerem que seus funcionários devem votar em Bolsonaro para melhoria econômica e garantia de empregos

Por Edimar Blazina para o www.extraclasse.org.br

O Ministério Público do Trabalho (MPT) divulgou na segunda-feira, 1º de outubro, Nota Pública em que afirma que acompanha e atuará em casos de denúncias de violações ao direito fundamental à livre orientação política no campo das relações de trabalho. A nota não é direcionada a uma empresa específica mas foi emitida no mesmo dia em que foi divulgado na internet um vídeo em que o empresário Luciano Hang, dono das Lojas Havan, ameaça fechar unidades e repensar investimentos caso algum partido de esquerda vença as eleições deste ano.

O MPT classifica a atitude como coação e considera inadmissível pressão “psicológica, moral, econômica ou social do empregador em relação ao trabalhador, objetivando o direcionamento de votos de seus trabalhadores a determinado candidato ou partido político”. O texto é assinado pelo Procurador Geral do Trabalho, Renato Curado Fleury. A nota pública fala ainda que o MPT está acompanhando e investigará as notícias veiculadas na imprensa sobre “condutas empresariais incompatíveis com o Estado Democrático de Direito”.

Foto: divulgação Condor
Novo caso – Um dia após o caso da Havan vir à público, na madrugada desta terça-feira, 2 de outubro, viralizou nas redes sociais uma carta direcionada aos colaboradores do Grupo Condor, rede varejista com atuação no Paraná e Santa Catarina. Na mensagem, o empresário Pedro Joaniz Zonta, diz estar preocupado com o rumo das eleições e lista uma série de motivos para que não seja eleito um candidato de esquerda, como “agravamento da crise econômica” e “transformação do Brasil em uma Venezuela”, segundo ele. Da mesma forma, elenca qualidades ao candidato à presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro. Zonta assume seu voto e pede que seus empregados façam o mesmo.”Acredito no Bolsonaro, votarei nele e peço que confiem em mim e nele para colocar o Brasil no rumo certo”, pede o empresário na carta. Leia o texto na íntegra aqui.

Havan – Na última segunda-feira, 1º, Luciano Hang apareceu em vídeo direcionado aos funcionários divulgando pesquisas feitas pela empresa sobre o posicionamento político e intenções de voto dos trabalhadores. Segundo ele, ainda no vídeo, cerca de 30% de seus colaboradores não têm voto definido e caso eles votem em branco, anulem ou faltem à votação, a esquerda pode vencer o pleito eleitoral. “Você que sonha em ser líder, gerente, e crescer com a Havan, você já imaginou que tudo isso pode acabar no dia 7 de outubro?”, afronta o empresário.

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Hang nega a coação. “Jamais coagi […]. Você pode dizer em quem você acha que deve votar, mas nunca obrigar. Só tem duas opções agora: Bolsonaro ou PT. Eu vou rever o plano estratégico se a esquerda vencer e me preparar para deixar o país, como fizeram na Venezuela”, afirmou.

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