O astro de cinema engajado em causas sociais foi acusado de violência doméstica.
A autora de políticas públicas de inclusão das pessoas com deficiência é uma ativista contra o aborto por conta de suas visões pessoais.
O sensato e conciliador da família declarou seu voto no candidato mais conservador.
O defensor da transparência nas contas do governo foi visto esculachando uma atendente no supermercado.
São situações fictícias, mas inspiradas no contato com a realidade. Com a grande inclinação em separar os sujeitos em certo ou errado, segundo nosso olhar julgador, para onde vai o contraditório de cada ser humano em um ano que não aceitou qualquer tipo de nuance? Como afirmar categoricamente sobre identidades e condutas em meio a tantas maneiras peculiares de estar no mundo?
Basta olhar para nós mesmos para perceber o contraditório – ele existe em nós, o tempo todo, e surge na nossa fala, pensamentos ou atitudes sem aviso prévio. “Nem parecia eu.” Ainda assim, qualquer atitude “fora da curva” se torna o pretexto perfeito para uma separação entre eu e o outro. E que o outro fique bem, bem longe.
“Ninguém precisa ser isso ou aquilo, porque ninguém é só bom ou só mau, do mesmo modo que não existe um lado certo e outro errado. Ou seja, é olhando para si, para as próprias contradições, que podemos valorizar e dar espaço para um outro caminho”, recomenda ao HuffPost Brasil o psicanalista e professor do Centro de Estudos Psicanalíticos (CEP) Danilo Marmo.
Em 2016, a polarização ditou nosso olhar. E preocupados que estivemos em separar as pessoas por grupos, panelas, movimentos, bandeiras ou partidos, fomos abrindo mão do diálogo, da escuta do que o outro tem a dizer – sobre qualquer assunto. Como se tudo, absolutamente tudo que o outro pudesse dizer, fosse imprestável. Como se aquela pessoa não pudesse nos afetar positivamente em algum sentido.
Se vem de você, não vou prestar atenção.
Nem vou clicar, que é pra não dar audiência. Mas vou criticar.
Peraí que tenho uma opinião certeira sobre este título absurdo. Nem preciso ler.
“O embate político brasileiro se tornou uma discussão FlaxFlu num domingo de feijoada, onde todo mundo tem razão, ‘meu time é o melhor’ e ninguém escuta ninguém”, lamenta Marmo. Mas nem o maior grau de pessimismo anula a chance de mudança:
REDES DAS DISCÓRDIA?
No 2016 das redes sociais, choveram reclamações, desabafos, julgamentos, acusações e disseminações de notícias sem a preocupação com sua veracidade. Nos tribunais informais do Facebook, não faltaram juízes “capacitados” para qualquer tipo de decisão - que envolvesse o outro, claro.
Para Marmo, talvez o que tenhamos descoberto seja o alcance das mídias sociais, que nos revelaram como cada um pensa.
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