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domingo, 10 de julho de 2016

Por Francisco Toledo "Sem a participação dos grupos 'anticorrupção', cai o político mais corrupto de Brasília"

Francisco Toledo é:
Fotojornalista e co-fundador da agência Democratize
Extraído da Fonte www.brasilpost.com.br

No futuro, os livros de História dirão: o político mais corrupto que surgiu na política brasileira no século XXI renunciou ao seu cargo na presidência da Câmara dos Deputados. E qual a participação dos auto-declarados "grupos anticorrupção" nisso? Nenhuma.

Nadinha. Não moveram uma palha sequer.

Deve ser por isso que os gringos ficam loucos quando ficam sabendo sobre o cenário político no Brasil.

Tente explicar isso: a presidente afastada Dilma Rousseff, após várias manifestações de movimentos "indignados com a corrupção", sofre impeachment. E como isso aconteceu? Com o apoio do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB), que tornou isso possível. Justamente o político mais corrupto da história recente do nosso País.

A política brasileira não é fácil, não é para iniciantes. Mas não é preciso ir muito longe para entender o fenômeno da corrupção no Brasil.

Aqui, enquanto a corrupção de alguns é aceitável, a corrupção de outros é motivo de escândalo e indignação. Afinal, tudo bem termos o Eduardo Cunha como presidente da Câmara dos Deputados, uma pessoa investigada por ter recebido R$5 milhões em propina, além de lavagem de dinheiro utilizando contas bancárias na Suíça, sem mencionar a denúncia sobre seu envolvimento em desvios nas obras do Porto Maravilha no Rio de Janeiro. Isso porque nem citei o caso envolvendo o fundo de pensão dos funcionários da CEDAE, ou o próprio Panama Papers, e ainda por cima o recebimento de propina no Fundo de Investimento do FGTS.

UFA!
Tudo começa a fazer sentido quando você pesquisa sobre qual partido político pertence o Eduardo Cunha: o PMDB.

Mesmo partido do presidente interino Michel Temer, que após o impeachment de Dilma Rousseff, consegue colocar em prática medidas políticas que são favoráveis aos seus aliados - empresários, multinacionais, bancos, agronegócio, além da camada mais conservadora da sociedade brasileira, composta por fanáticos de extrema-direita e evangélicos radicais homofóbicos.

E, não por acaso, estamos falando do mesmo partido no qual o fundador do Movimento Brasil Livre (MBL), Rubinho Nunes, se filiou para ser candidato à prefeitura do município de Vinhedo, localizada no interior de São Paulo. Para quem não sabe, o MBL é um dos principais grupos que organizaram manifestações contra Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores.

Estamos falando do mesmo MBL que hoje defende com unhas e dentes o presidente interino Michel Temer, chegando a organizar uma manifestação em defesa de seu governo, convocada para o dia 31 de julho em todo o País.

A partir disso, você começa a entender porque esse grupo de pessoas não se importou em tirar selfies e fotos do lado de Eduardo Cunha, o político mais corrupto da atualidade.

E também porque eles não se importaram em tentar tirar esse cara da Câmara dos Deputados.

Quando você junta todos esses fatos, você começa a entender como funciona o jogo político no Brasil. Algo que definitivamente não é para amadores.

E quem derrubou Eduardo Cunha, então?

Além da parcela da população brasileira que realmente fica indignada com a corrupção em Brasília, podemos afirmar que a arrogância do deputado fez o trabalho quase que inteiramente sozinha. Uma pessoa que se achava intocável, digna dos aplausos de uma multidão surda e muda.

Mas como diria o técnico de futebol Muricy Ramalho: "A bola pune". Não só a bola, mas a política também. A política pune. Um dia você é o acusador, sentado em seu trono de ferro, e outro dia é você que sofre a guilhotina, sozinho, chorando lágrimas de crocodilo.

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