Por Paula Pacheco - de Comandatuba (BA)Fonte ultimosegundo.ig.com.br
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso avalia como precipitada a possibilidade de se pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). A situação da petista ficou ainda mais delicada depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou, na última semana, o que foi chamado de "pedalada fiscal".
A manobra contábil permitia melhorar as contas do governo com o uso de bancos públicos. Segundo o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), esse artifício não estaria ocorrendo apenas no governo da presidente, mas há mais de uma decada, o que poderia chegar ao governo de FHC.
FHC critica "rolha na imprensa" e falta de condução política no ajuste econômico
"A Lei de Responsabilidade Fiscal é de 2001. Então, tudo que foi feito há 10, 12 anos, foi depois da lei e depois do meu governo. Eu não posso responder porque não sei como era a mecânica do dia a dia, mas duvido que tenha havido alguma coisa dessa magnitude. E, se foi feito, foi errado. Um erro não justifica o outro", disse em entrevista coletiva.
Ao iG, FHC afirmou ter a intenção de pedir informações a seus subordinados à época em que era presidente para saber se as tais "pedaladas fiscais" foram dadas: "Vocês é que devem pedir [a imprensa]. Acho improvável isso. E já passou tanto tempo que é tudo prescrito".
O PSDB, que tem FHC como presidente de honra, receberá nesta semana alguns pareceres sobre a possibilidade de pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Mas o tucano é contrário ao movimento.
"Impeachment não pode ser tese. Quem diz se houve razão objetiva é a Justiça, é o Tribunal, é a policia, o Tribunal de Contas. Ou houve razão objetiva ou não houve. Isso cabe à Justiça. Os partidos não podem se antecipar", afirmou durante evento do Fórum de Lideres Empresariais, organizado pelo Lide, realizado neste fim de semana em Comandatuba (BA). "Você não pode transformar o seu eventual desejo de que talvez fosse melhor um outro governo fora das regras da democracia. Vamos ter de esperar que essas regras sejam cumpridas. Qualquer outra coisa é precipitação."
Para FHC, não se pode pedir o impeachment da presidente sem um fato concreto. Ainda segundo o líder tucano, a tese que começa a ser defendida por alguns, como o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), de fechamento do PT, não faz sentido.
"É um partido importante. Como você faz democracia extinguindo um partido? O PT tem de coibir os abusos que fez. A sociedade tem de ser contra esses abusos, como a corrupção. Mas nem por isso um partido deve ser fechado. Não faz sentido."
Contra a redução da maioridade penal
Um dos temas quentes no Congresso nas últimas semanas é o da redução da maioridade penal, atualmente estabelecida em 18 anos. E FHC também é contra a mudança.
"É algo arriscado", avaliou o ex-presidente. "Você tem de fazer o que o Aloisio Nunes [PSDB] propôs, que é o juiz ter a possibilidade de verificar em que condições mantém o menor preso por mais tempo. Para isso não precisa fazer a redução da maioridade penal. Reduz para 16 anos e aí o bandido vai pegar criança de 15 anos. Melhor é manter o menor preso por mais tempo dependendo do crime cometido."
Sobre a decisão do PT de não aceitar mais doações privadas para campanhas, FHC ironizou. "Depois da porta arrombada, ele [o PT] quer fechar a porta?", disse.
"Esta é uma proposta fora de momento. Primeiro precisa explicar se houve um abuso. Isso é jogada politica. Se não reduzir os custos, vai se encontrar uma forma de arrecadar. É melhor definir regras mais claras de como reduzir esses custos."
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