O trânsito é muito mais violento do que a maioria das pessoas imaginam. Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) sobre os acidentes de trânsito assustam. São três mil vidas perdidas por dia nas estradas e ruas ou a nona maior causa de mortes no mundo. Os acidentes são o primeiro responsável por mortes na faixa de 15 a 29 anos de idade, o segundo na faixa de 5 a 14 anos e o terceiro na faixa de 30 a 44 anos. Atualmente, já representam um custo de US$ 518 bilhões por ano, ou um percentual entre 1% e 3% do produto interno bruto de cada país.
Na tentativa de desacelerar a violência no trânsito e salvar mais de cinco milhões de vidas até 2020, a Assembleia-Geral das Nações Unidas editou uma resolução definindo o período de 2011 a 2020 como a “Década de Ações para a Segurança no Trânsito”. O documento foi elaborado com base em um estudo da OMS que contabilizou, em 2009, cerca de 1,3 milhão de mortes por acidente de trânsito em 178 países.
O Brasil aparece em quinto lugar entre os países recordistas em mortes no trânsito, precedido por Índia, China, EUA e Rússia e seguido por Irã, México, Indonésia, África do Sul e Egito. Juntas, essas dez nações são responsáveis por 62% das mortes por acidente no trânsito.
O problema é mais grave nos países de média e baixa renda. A OMS estima que 90% das mortes acontecem em países em desenvolvimento, entre os quais se inclui o Brasil, o que demonstra que é muito mais arriscado dirigir um veículo — especialmente uma motocicleta — nesses lugares. O continente com maior risco de morrer em um acidente de trânsito é a África (24.1 a cada 100 mil pessoas) e o com menor risco é a Europa (10.3 a cada 100 mil).
As previsões da OMS indicam que a situação se agravará mais justamente nesses países de baixa renda, por conta do aumento da frota, da falta de planejamento e do baixo investimento na segurança das vias públicas.
De acordo com o Relatório Global de Segurança no Trânsito 2013, publicado pela OMS recentemente, 88 países membros conseguiram reduzir o número de vítimas fatais. Por outro lado, esse número cresceu em 87 países.
A chave para a redução da mortalidade, segundo o relatório, é garantir que os estados-membros adotem leis que cubram os cinco principais fatores de risco: dirigir sob o efeito de álcool, excesso de velocidade, não uso do capacete, cinto de segurança e cadeirinhas. Apenas 28 países, que abrigam 7% da população mundial, possuem leis abrangentes nesses cinco fatores.
O relatório destaca que:
- 89 países, cobrindo 66% da população mundial, têm legislação com relação a beber e dirigir, com limite de álcool no sangue de 0.05g/dl ou menor, conforme recomendado pela OMS;
- 90 países, cobrindo 77% da população mundial, têm leis que obrigam o uso de capacete;
- 111 países, cobrindo 69% da população mundial, têm leis que obrigam o uso do cinto de segurança para todos os ocupantes;
- 96 países, cobrindo 32% da população mundial, têm uma legislação para cadeirinhas.
O documento também aponta que na maioria dos países – mesmo alguns daqueles com melhores resultados – a aplicação das leis no trânsito é inadequada.
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